sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Controlando os gastos

Passei anos gastando sem medidas, buscando compensar minhas tristezas, desilusões e um grande vazio existencial em compras.
Eu adquiria tantas coisas, todos os dias, que minha casa virou um depósito de quinquilharias. Eram tantas porcarias que eu nem sabia o que fazer com elas.
Bastava ter um dissabor, um estresse e lá ia eu, com o meu grande amigo cartão de crédito, às compras. Era tão bom sentir o poder de possuir. Gastar me dava uma sensação boa. Era um status, um modo de dizer à sociedade que eu "era a tal". Eu podia! Mas por dentro eu não sentia nada disto. Eu tentava compensar o fato de me sentir um nada. Compensava o fato de não ter sido promovida. Compensava o namoro perdido. Compensava o casamento acabado. Compensava os quilos a mais. Compensava qualquer coisa! Quem me via nos shoppings, toda sorridente, não fazia ideia de que, por dentro, eu estava destruída.
Foi um grande exercício ir diminuindo as compras, controlando os impulsos, aprendendo a lidar com as perdas e percebendo que eu nunca encontraria fora, o que devia buscar dentro de mim.
E assim eu comecei o tratamento. Sessões de terapia foram o primeiro passo. Sair sem cartão, com dinheiro contado, propor-me desafios de gastos, planilhas e, finalmente percebi que era tudo um disfarce e hoje não preciso mais disso.
Eu podia sofrer, podia mostrar minhas fraquezas, minhas perdas e meus defeitos e ainda assim, as pessoas poderiam ficar ao meu lado. Eu não precisava mais manter uma imagem de poder para atrair olhares e pessoas à minha volta.
Na verdade, o que eu demorei a perceber, é que essa atitude não aproximava as pessoas, ao contrário, afastava. Mas eu era tão teimosa. Insisti por anos e anos.
E eu estava assim, de vento em popa quando a imprensa começa a noticiar a Black Friday 2014. Foram as vinte e quatro horas mais alucinantes dos últimos tempos.
Uma parte de mim procurava ofertas em lojas virtuais, simulava frete, queria comprar. Outra me fazia pensar novamente. Eu preciso disso? E aí eu me controlei.
Não comprei nada! Nadinha.
E foi tão bom...
Quebrar o ciclo vicioso de compras desmedidas foi ótimo! 
Minha conta corrente já está agradecendo. Meu futuro, com certeza, vai agradecer mais ainda!
Foi tão bom perceber que eu não posso compensar materialmente o que não tenho emocionalmente!

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